O desenvolvimento da História Postal corresponde ao crescimento e à transformação histórica do próprio País, razão pela qual o conhecimento dos principais fatos ligados à implementação e ao desenvolvimento dos serviços postais fornece um panorama do desenvolvimento histórico brasileiro. Do surgimento dos serviços postais até os dias de hoje, os Correios assumiram sua postura de elo que aproxima as pessoas e de instituição respeitável que sempre procurou adequar-se aos vários períodos de desenvolvimento do País, buscando o progresso para os seus serviços prestados à sociedade.
PERÍODO COLONIAL
Com a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 1500, surgiu a primeira correspondência oficial ligada ao País a ual, escrita por Pero Vaz de Caminha e enviada ao Rei de Portugal, relatava com notório entusiasmo o descobrimento de uma nova terra. Com este acontecimento, eternizado na história brasileira, estava sendo escrita a primeira página do urgimento dos correios no Brasil. Os primórdios dos serviços postais no Brasil-Colônia reportam-se aos correios em Portugal e à sua atuação neste novo território. Durante os primeiros tempos da colonização do Brasil, os portugueses não dispunham de um sistema postal bem organizado, tendo, inclusive, que recorrer ao de nações vizinhas. Nem a criação do Correio-mor das Cartas do Mar, em 1673, resolveu o problema de ligação postal entre a nova terra e a metrópole. Deste modo, a dificuldade na comunicação entre Portugal e o então Brasil-Colônia fez com fossem instituídos, definitiva e oficialmente em 1798, os Correios Marítimos e, anos mais tarde, com que surgissem preocupações de maior expansão dos serviços para o interior da Colônia.
A chegada da família Real ao Brasil abriu caminhos para que o serviço postal pudesse melhor se desenvolver. Deste evento resultaram o progresso comercial, a elaboração do 1º Regulamento Postal do Brasil, o funcionamento regular dos correios marítimos e a emissão de novos decretos. Período, posteriormente, bastante conturbado por lutas pela independência do País, serviu de palco para que os correios desempenhassem um papel valioso como meio importante de comunicação entre aqueles que ansiavam por separar a colônia da metrópole e trabalhavam para isso.
1500
É escrita por Pero Vaz de Caminha uma carta ao Rei de Portugal, narrando as características da terra recém-descoberta. Essa carta ficou conhecida como Carta de Caminha, que é considerada a Certidão de Nascimento do Brasil, por ser o primeiro documento oficial sobre o País. A Carta de Caminha se encontra atualmente guardada na Torre do Tombo, em Lisboa/Portugal.
1520
Luiz Homem, por carta régia de 6 de novembro, recebe do Rei D. Manuel I o privilégio da exploração do serviço postal em Portugal, sendo nomeado para o cargo de 1º Correio- mor do Reino (1520/1532).
1532
Com a morte de Luiz Homem é feita a nomeação de Luiz Afonso para o cargo de 2º Correio- mor do Reino (1532/1575 ). É criada a vila que daria origem à Cidade de São Vicente/SP.
1534
O Rei D. João III estabelece nos domínios do Brasil o regime de Capitanias Hereditárias, estabelecendo limites, jurisdições e estimulando o surgimento das primeiras povoações, que dariam origem a cidades como Olinda/PE, Ilhéus/BA, Porto Seguro/BA, Vila Velha/ES, Santo André/SP e Angra dos Reis/RJ.
1548
D. João III cria, em 17 de dezembro, o Governo-Geral do Brasil, com sede na então Capitania da Bahia.
1549
É instalada em Salvador/BA a sede do primeiro Governo-Geral do Brasil, tendo como governador Tomé de Souza. Salvador torna-se dessa forma, a 1ª Capital do País.
1554
Os jesuítas fundam, em 25 de janeiro o Colégio São Paulo, que daria origem à Cidade de São Paulo.
1565 Estácio de Sá, sobrinho de Mém de Sá, terceiro Governador-Geral do Brasil ( 1557/1572 ), funda em 1° de março a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que se tornaria a 2ª Capital do País.
1573
O Rei D. Sebastião divide o Brasil em dois governos : o do Norte com sede em Salvador e o do Sul com sede no Rio de Janeiro, o que perdurou até 1577, com a unificação dos governos na sede da Bahia.
1575
O Rei D. Sebastião nomeia Francisco Coelho, por carta de 20 de setembro, 3º Correio-mor do Reino ( 1575/1579 ).
1579
Com o falecimento de Francisco Coelho, Manoel de Gouvea, seu genro, é nomeado, conforme disposto na Carta Régia de 27 de julho, o 4º Correio-mor (1579/1598).
1606
Após a morte de Manoel de Gouvea (1598) o ofício de 5º Correio-mor do Reino ( 1606/1607 ), nos termos da Carta passada aos 19 de julho, é conferido ( vendido, neste caso ) pelo Rei Felipe III de Espanha e II de Portugal a Luiz Gomes da Matta, após um período de oito anos em que não houve alvará para exploração do serviço.
1607
O ofício de 6º Correio-mor do Reino ( 1607/1641 ) é transferido para Antônio Gomes da Matta, filho de Luiz Gomes da Matta.
1663
O dia 25 de janeiro, data da nomeação do Alferes João Cavalheiro Cardozo para o cargo de Correio da Capitania do Rio de Janeiro - quando então se originaram os Correios-mores no Brasil - é considerado a data inicial da instituição da atividade postal regular no País. Essa nomeação foi feita pelo 7º Correio-mor do Reino ( 1641/1674 ) e 1º Correio-mor das Cartas do Mar, Luiz Gomes da Matta Neto. Por essa razão, o dia 25 de janeiro é até hoje comemorado como o Dia do Carteiro.
1669
Bartolomeu Fragoso Cabral é nomeado Correio da Capitania da Bahia em 15 de maio, por Luiz Gomes da Matta Neto.
1674
Duarte de Souza Coutinho da Matta, filho de Luiz Gomes da Matta Neto é nomeado o 8º Correio-mor do Reino (1674/1696) e Correio-mor das Cartas do Mar, inclusive para o Brasil, conforme Carta Régia de 23 de fevereiro de 1962.
1696
Luiz Victório de Souza Coutinho da Matta , filho de Duarte de Souza Coutinho da Matta, é nomeado o 9º Correio-mor (1696/1735 ), cabendo à sua mãe e tutora, Da. Izabel Caforo, a administração inicial dos serviços postais, uma vez que a maioridade, àquela época, só era alcançada, para fins de herança, aos 25 anos de idade. Da. Izabel Caforo é, portanto, a 1ª mulher a administrar os serviços postais no Brasil.
1710
Antônio Alves da Costa é nomeado para o cargo de Correio da Capitania do Correio do Rio de Janeiro.
1735
É nomeado para o ofício de 10º Correio-mor do Reino ( 1735/1790 ), José Antônio de Souza Coutinho da Matta, filho de Luiz Victorio, ficando seu tio Tomás Caforo responsável pela administração dos Correios durante a sua menoridade.
1773
É estabelecida, em 1º de setembro, a primeira comunicação postal terrestre entre São Paulo e o Rio de Janeiro.
1790
É nomeado o 11º e último Correio-mor (1790/1801), Manuel José da Maternidade de Souza Coutinho da Matta, filho de José Antônio, tendo seu tio Duarte de Souza Coutinho como responsável pelos Correios durante a sua menoridade.
1797
O ofício de Correio-mor do Reino e Domínios é extinto e reincorporado à Coroa por intermédio de Alvará de 16 de março.
Com a nomeação de D. Rodrigo de Souza Coutinho, para o cargo de Ministro de Estado da Marinha e Ultramar , é constatada a necessidade de o estado reivindicar para a Coroa a Administração dos Serviços Postais , sendo empossado como 1º Diretor dos Correios o cidadão Luis Pinto de Souza.
1798
Pelo Alvará de 20 de Janeiro de 1798 é instituído o processo de organização postal dos Correios Terrestres e estabelecida a ligação postal marítima regular entre o Brasil e Portugal (Rio de Janeiro e Lisboa, inicialmente).
Instala-se no Rio de Janeiro a Administração do Correio, que teria funcionado no Paço Real, junto às instalações do Tribunal da Relação e da Casa da Moeda, onde eram distribuídas as cartas que chegavam de Portugal, tendo como administrador Antônio Rodrigues da Silva. É regulado o Serviço Postal Interno que teve início com a criação da primeira agência postal brasileira do interior na cidade de Campos-Rio de Janeiro.
1799
É criado, em 1º de abril, o Regulamento Provisional para o Novo Estabelecimento do Correio, estabelecendo Administrações terrestres e ultramarinhas. O cálculo dos portes fica estabelecido com base no peso da correspondência e na distância percorrida para a entrega.
1801
É criado o serviço de Caixas Postais. São instituídos o serviço de registrados para o interior e a fixação de taxas de acordo com as distâncias.
1805
Proclamado em Lisboa, em 8 de abril, o decreto que institui a Nova Regulação de Correio.
PERÍODO IMPERIAL
Durante seu reinado, D. Pedro II teve um papel de destaque na promoção do desenvolvimento dos serviços postais. Regulando o correio para todas as províncias e dando ao brasileiro a oportunidade de maior informação, com a concessão de franquia postal a todos os jornais, revistas e livros, nacionais e estrangeiros, o Imperador legou a seu herdeiro um correio brasileiro bem mais organizado.
Nesse mesmo período, no qual foi criado o 1o selo do mundo e lançado o 1o selo brasileiro, o Olho-de-Boi, grandes transformações determinaram novo progresso nas comunicações em todo o país, tendo como grande trunfo a implantação do telégrafo elétrico na Corte.
1808
A Família Real Portuguesa, acompanhada de comitiva de 15.000 pessoas, chega ao Brasil em 7 de março e o País passa da condição de Colônia à de sede do Governo Português, estabelecido no Rio de Janeiro.
Estabelecida , no mês de julho, a ligação marítima entre a Inglaterra e o Brasil. A partida inaugural, com destino ao Rio de Janeiro - passando pela Ilha da Madeira, por Pernambuco e pela Bahia - se deu no Porto de Falmouth, em 14 de julho, pelo navio Walsingham, comandado pelo Capitão Roberts, e fez com que o Brasil substituísse o antigo serviço de correio marítimo com a Inglaterra, até então feito com Lisboa, em face da suspensão temporária ocasionada pela invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o que teria ocasionado a vinda da Família Real para o País.
O Regulamento Provisional da Administração Geral dos Correios da Coroa e Província do Rio de Janeiro, 1º Regulamento Postal do Brasil, é instituído em 22 de novembro , por D. Fernando José de Portugal, Marquês de Aguiar.
1812
Expedido, em 23 de setembro, o Aviso que fixa portes e determina a nomeação dos Agentes de Correios.
1817
Instituído um correio regular entre São Paulo e o Rio Grande do Sul.
1818
D. João VI é aclamado Rei de Portugal em 6 de fevereiro.
1820
Instituído um correio regular com Minas Gerais e Mato Grosso.
1822
O mensageiro Paulo Bregaro, considerado o primeiro carteiro e o Patrono dos Carteiros no Brasil, entrega a D.Pedro I, no dia 7 de setembro, às margens do Riacho do Ipiranga, correspondência da Imperatriz Leopoldina informando sobre novas exigências de Portugal com relação ao Brasil. Ao recebê-la, D. Pedro reage às imposições da Corte e declara no ato a Independência do Brasil, associando assim os Correios a este importante momento histórico do País.
1828
José Clemente Pereira, Ministro e Secretário dos Negócios do Império, apresenta a proposta de reorganização dos serviços postais, formalizada pelo Decreto de 30 de setembro.
1829
Em complemento ao decreto do ano anterior, é determinada por D. Pedro I, pelo Decreto de 5 de março, a unificação de todas as linhas postais então existentes numa Administração- Geral da Corte, bem como a criação de Administrações Provinciais nas capitais das Províncias.
1840
Rowland Hill cria na Inglaterra o 1º selo postal adesivo, o Penny Black, como parte da Reforma Postal Inglesa, fazendo com que o pagamento da correspondência seja feito pelo remetente e não pelo destinatário, como ocorria até então, servindo o selo como comprovante desse pagamento.
Origem: HISTÓRIA POSTAL DO BRASIL
por Rubem Porto Jr. (adaptação a partir de material disponível no website www.correios.com.br.